Sustentabilidade

Contaminados por Covid-19 não devem separar e manusear lixo

Coletores estão em risco caso os resíduos não sejam armazenados seguindo as normas sanitárias

O coletores de resíduos sólidos e os catadores de material reciclável, seja os cooperados ou os autônomos, por estarem na linha de frente do funcionamento das cidades, estão muito expostos aos riscos de contaminação por Covid-19. Isso porque, tanto pessoas assintomáticas quanto as que estão contaminadas com sintomas leves isoladas em casa podem, indiretamente, transmitir o vírus por meio dos resíduos sólidos. O setor, segundo número oficiais, tem por volta de 350 mil postos formais em todo o país.

Mesmo com o risco, um comunicado assinado pelas principais entidades do setor – Abetre (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes), ABLP (Associação Brasileira de Resíduos Sólidos), Abrelpe (Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) e SELUR/SELURB (Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana) – relata que a divulgação e os materiais de conscientização junto à força de trabalho garantiram o baixo índice de contaminação entre os coletores, inferiores a 0,3%, aponta pesquisa realizada até o dia 17 de abril. 

Além disso, a nota reforça que as orientações repassadas pelo setor – tanto para trabalhadores, municípios e população – seguem as diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde), das organizações internacionais de saúde e segurança do trabalho, além da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), da National Waste & Recycling Association (NWRA). Entre elas está a recomendação de que pessoas contaminadas por Covid-19 isoladas em casa não devem ser as responsáveis pela separação e manuseio do lixo. 

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Os resíduos produzidos pelos pacientes e por quem estiver prestando assistência a eles devem ser acondicionados em sacos plásticos resistentes e devidamente lacrados. Na sequência, os mesmos sacos deverão ser colocados dentro de um segundo saco plástico, que também precisa ser fechado de forma correta. Só assim, o material deverá ser encaminhado para a coleta regular de limpeza urbana. “No caso de residências com casos confirmados, o resíduo gerado não deve ser encaminhado diretamente para a coleta seletiva nem depositado em contentores destinados para isso”, afirma Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe.

As entidades ainda divulgaram o passo a passo para o descarte das máscaras, que passaram a ser utilizadas com mais afinco pela população. Tanto elas quanto as luvas descartáveis devem ser armazenadas, preferencialmente, no lixo do banheiro, jamais nos materiais recicláveis. Nos casos em que não houver nenhuma suspeita de contaminação por Covid-19, deve ser mantida a separação dos resíduos para coleta seletiva.

Eduardo Geraque
Jornalista e biólogo, mestre em oceanografia e doutor em jornalismo ambiental, tem 25 anos de carreira sendo 12 na Folha de S.Paulo entre 2006 e 2018. Com o produto multimídia “Líquido e Incerto” ganhou, ao lado de colegas da Folha, o Prêmio ExxonMobil da categoria informação científica, tecnológica e ambiental de 2015.