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E-commerce reinventa cadeia de suprimento e armazenagem dos centros urbanos

Reprodução GoodStorage

Neste segundo ano de pandemia, o comércio online mudou de status. De alternativa de sobrevivência adotada por muitos negócios para garantir uma operação mínima, tornou-se motor econômico dono de uma força singular, simbolizando a inovação e o crescimento sustentável para a retomada necessária dos próximos anos. Segundo o índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net) em parceria com o relatório Neotrust, elaborado pela empresa de inteligência de mercado Compre&Confie, a modalidade de compras online cresceu aproximadamente 74% em 2020 e ainda apresenta muito espaço para crescimento quando se compara à participação nas vendas totais do varejo com outros países. 

Do ponto de vista dos consumidores, a ida até o mercado se transformou em um percurso até a tela do computador mais próximo ou mesmo do celular. Há uma infinidade de aplicativos e canais de comunicação que amplificam a experiência do omnichannel, transbordando o ambiente de compras para a rotina do consumidor a partir da combinação entre pontos físicos e processos digitais. A omnicanalidade vai continuar ditando os rumos do varejo. A conclusão consta em um relatório do Waze que analisa fluxos de navegação e a sazonalidade da busca de pontos comerciais como destino. Diz o documento: “O fundamental neste ponto é entender que os universos presencial e digital não são excludentes. Pelo contrário, as opções híbridas de compra levam mais conveniência e comodidade aos consumidores. Este é um dos contextos em que operações de self storage se colocam como uma alternativa e alavanca para a omnicanalidade.

Sob a ótica de urbanismo e planejamento dos centros urbanos há também modificações importantes a serem feitas para complementar as diretrizes que promovem o adensamento residencial em áreas bem servidas de infraestrutura com transporte, serviços, segurança e lazer. É o que estabelece o Plano Diretor vigente na cidade de São Paulo, por exemplo, e que tem revisão prevista para ser feita neste ano. Fica evidente a carência de uma rede logística mais próxima ao destino consumidor, ou seja, nas áreas mais nobres e adensadas da cidade. Este vácuo é também justificado pela falta de preservação de áreas bem localizadas nos centros urbanos com a vocação de uso industrial leve, voltado à manufatura e à logística. A promoção do desenvolvimento de regiões estratégicas através da oferta de maior potencial construtivo acaba favorecendo de forma desequilibrada a utilização residencial, que se beneficia da possibilidade de verticalização e, por conseguinte, consegue extrair um maior valor dos terrenos. 

Ainda assim, acredito que o desejo e o comportamento dos consumidores sejam soberanos e, para atendê-los, as companhias buscarão de forma criativa alternativas para melhorarem seu desempenho, entre eles, velocidade e precisão na entrega de produtos e serviços. 

Não é à toa que investimentos em tecnologia e inteligência na logística têm sido o grande mantra dos empreendedores, desde os menores até os gigantes nacionais.

“O ano de 2021 será o da logística”, declarou Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, referência no ambiente digital, durante uma teleconferência de divulgação de resultados da empresa. 

Em meio a esse rearranjo, o produto de self storage passa a ter nova atribuição estratégica para viabilizar as ambições e necessidades de tantos players, acomodando em boxes variados e de contratação flexível os pequenos, médios e grandes negócios. 

Através das diversas unidades distribuídas em bairros consolidados da cidade, no nosso caso em São Paulo, como Vila Olímpia, Bela Vista e Pinheiros, a solução de self storage oferece ao varejista a possibilidade de manter seu estoque próximo tanto do consumidor final quanto dos pontos físicos. Essa localização permite a integração entre diferentes canais de venda e a permeabilidade entre o ambiente físico e o digital, essencial para garantir a qualidade do atendimento a um tipo de comprador que se torna cada vez mais exigente. 

Segundo o Procon-SP, a demora ou a não entrega do produto ainda é o principal problema enfrentado pelos consumidores do comércio eletrônico, portanto, garantir uma rede logística eficiente é essencial para conquistar a confiança do consumidor e permitir que o e-commerce siga crescendo. O prazo de entrega e o frete também são pontos considerados no momento da compra, de forma que investir no barateamento e rapidez na entrega é fundamental para estabelecer-se digitalmente. Entender e precificar de forma holística a vantagem operacional e competitiva em controlar pontos de armazenagem estratégicos nos principais mercados consumidores passa a ser uma lição de casa para as empresas que, até hoje, estavam acostumadas com a arte de escolher apenas pontos físicos para suas lojas. 

O desenvolvimento desta nova e necessária infraestrutura urbana condiz não somente com a modernização dos centros como também com preocupações e responsabilidades essenciais a uma nova consciência econômica traduzida em aspectos de governança, sociais e ambientais, diretrizes conhecidas também como ESG. 

Criar soluções de estoque e armazenamento que no cômputo geral contribuam para diminuir significativamente o tráfego de veículos de grande porte no perímetro urbano, trazendo uma consequente redução na emissão de poluentes é algo que nos orgulha na GoodStorage. Distâncias mais curtas significam a possibilidade de serem vencidas pelo uso de bicicletas, patinetes elétricos e mesmo a pé. Tal facilidade proporciona mais qualidade de vida para nossos clientes pessoa física, que podem buscar seus pertences em um rápido passeio pelo bairro onde vivem, como também ajudam a reduzir congestionamentos e perdas econômicas decorrentes dos desafios da mobilidade, beneficiando a população como um todo.

A necessidade de se adaptar a novas demandas e a urgência de encontrar soluções sustentáveis e economicamente eficientes é hoje desafio e obrigação dos líderes empresariais. Em um contexto de tantas incertezas, o comércio virtual assume a responsabilidade de garantir a movimentação da economia, o fornecimento de produtos essenciais e a saúde dos clientes, tendo o mercado de self storage como um aliado em meio a esse crescimento exponencial. Por aqui, seguimos firmes no nosso propósito de contribuir com uma vida urbana próspera e eficiente, acreditando sempre na excelência humana. 

Texto originalmente publicado em GRI Hub

Thiago Cordeiro
Thiago Cordeiro é CEO e cofundador da GoodStorage, empresa de self storage. Cordeiro é formado em administração pela Fundação Getúlio Vargas e é mestre pela Northwestern University.