Com sinais de afrouxamento no isolamento social em algumas cidades e capitais, gestores do site testam novos parâmetros
Precisão, agilidade e assertividade vão determinar o desempenho dos gestores públicos diante do desafio de enfrentar a pandemia de coronavírus no Brasil. Embora o país tenha a vantagem de poder aprender com a experiência em locais que foram afetados primeiro, as situações apresentadas nem sempre são similares.
Pensando nesse desafio, o Instituto Arapyaú, em parceria com a organização Impulso e o IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), desenvolveu a plataforma Corona Cidades (https://coronacidades.org/#), com o objetivo de auxiliar os gestores da Saúde na tomada de decisões, seja para detectar o estágio da cidade em relação à curva de contágio ou para saber se está na hora de afrouxar as regras de isolamento social.
Assim, algumas ferramentas foram inseridas na plataforma, como a Check List, Simula Covid, Avaliação para Reabertura de Municípios e Teletriagem. Segundo Marcelo Cabral, responsável pelo Corona Cidades, no primeiro mês de operação, foram mais de 55 mil acessos, sendo gerados 200 contatos diretos.
E são exatamente os requerimentos de apoios específicos, a partir dos contatos, que apontam para os gestores da plataforma a necessidade de desenvolver novas ferramentas. A partir deles, é possível ter clareza da utilidade de parâmetros em diferentes momentos da crise e quais são as variáveis que devem ser incorporadas, evitando, assim, uma solução única para todas as cidades.
Inaugurada em 23 de março, a plataforma já está desenvolvendo e testando novas ferramentas, como o Protocolo de Reabertura Econômica para as cidades, que nasceu a partir de um atendimento específico que demandava formas estruturadas de iniciar a reabertura econômica, calculando os riscos à saúde pública.
Assim, a plataforma entendeu que era hora de desenvolver uma forma de ordenar e regular quais os tipos de estabelecimento devem ser abertos a partir de critérios de risco à saúde e contribuição à receita municipal. “Não adiantaria recomendar a abertura de setores de maneira linear se são pouco relevantes para a economia municipal e não se pode indicar ao gestor local que abra determinados setores com regramentos que possam oferecer risco sanitário à população”, afirma Cabral.
Histórico
O Instituto Arapyaú percebeu a necessidade de apoiar a estruturação de enfrentamento à crise durante a atuação com redes municipais, como a Frente Nacional dos Prefeitos, logo que foram detectados os primeiros casos no Brasil. Como já tinha apoio financeiro, estratégico e de articulação, procurou a parceria da Impulso, organização incubada da Arapyaú, para ter a parte técnica de atendimentos e desenvolvimento de ferramentas, e também o IEPS, que possibilitou a validação de conteúdos técnicos e apoio nos atendimentos aos gestores locais com a provisão de especialistas.
Para Cabral, 2020 ficará marcado pelas iniciativas no combate à pandemia de coronavírus. “Possivelmente, terá reflexos nas decisões de como podemos atuar próximos à gestão pública municipal pelos próximos anos”, avalia.
Ele ressalta as iniciativas relevantes e de alto impacto sendo realizadas para apoiar a gestão das cidades durante a crise. Entre elas, o trabalho da RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), atuando para apoiar a rede de gestores sem esquecer das pautas importantes para o desenvolvimento nacional, como o FUNDEB e redução do desmatamento. Citou também o CLP (Centro de Liderança Pública), que tem promovido sua rede para gerar conhecimento e suporte em nível da alta gestão, além do Instituto Votorantim, que redirecionou recursos para financiar o apoio à gestão da crise em municípios pequenos e médios.
“Mas há também startups que abriram seus conteúdos e ferramentas, desenvolvendo novas formas de chegar ao poder público, os esforços filantrópicos para financiar soluções de aplicação direta e os diversos editais em busca de novos equipamentos e ferramentas”, conclui o gestor da plataforma.