Sustentabilidade

Por que cidades compactas são mais sustentáveis?

Erol Ahmed/Unsplash

Uma pesquisa realizada em 200 cidades diferentes do mundo mostra que a densidade urbana, ou seja, a proporção entre um determinado espaço e seu número de moradores, vem caindo cada vez mais, independentemente da localidade. Os dados de 1990 a 2014 revelaram que, durante este período, 75% da população ocupou áreas de expansão recém-construídas, seja por uma preferência pessoal ou pela falta de planejamento urbano. 

O estudo Densify and Expand: A Global Analysis of Recent Urban Growthfoi o tópico central de discussão da segunda sessão da série de webinars “A Anatomia da Densidade”.

A conversa foi mediada por Roger Keil, professor do CITY Institute da Universidade Iorque, e contou com a participação de profissionais da área, como Jules Bailey, que liderou práticas sustentáveis ​​para a área metropolitana de Portland, Oregon, por mais de 4 anos, Tatiana Gallego, que chefia a Divisão de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Banco Interamericano de Desenvolvimento, além  de Shlomo Angel e Patrick Lamson-Hall, responsáveis pela pesquisa apresentada. 

Lamson-Hall abriu o evento detalhando os fatores que motivaram o estudo, como a preocupação com a aceleração do aquecimento global e o fato de que densidades mais altas estão associadas a menores emissões de gases de efeito estufa. Nesse contexto, a pesquisa foca na necessidade das cidades acomodarem, nas áreas que já ocupam, um número maior de pessoas.

Com o crescimento e desenvolvimento das urbes, os pesquisadores evidenciam que as cidades adicionaram espaço físico de três maneiras: construindo para cima, preenchendo os espaços abertos vagos entre os edifícios, ou expandindo para fora. A prática de construir para cima e de preencher as “pegadas urbanas” existentes é denominada “densificação”, enquanto o ato de construir para além dos limites já estabelecidos é classificado como “expansão”.

Jules Bailey apresentou o exemplo da cidade de Portland, no estado do Oregon, Estados Unidos, como uma referência no que diz respeito ao controle de crescimento. Cada uma das cidades e áreas metropolitanas do estado criou uma fronteira de crescimento urbano em torno de seu perímetro para garantir o planejamento do uso da terra, além de controlar a expansão urbana em terras agrícolas e florestais. 

Com base no que foi apresentado, Tatiana levantou reflexões sobre a importância de recuperar e garantir a densidade das áreas centrais das cidades, além de questionar a qualidade da forma de densificação de algumas metrópoles, ressaltando a diferença entre essa prática e a superlotação. 

Conforme declarou o mediador Roger Keil, não tem como ter uma sociedade moderna sem a densificação. Peça chave para trilhar o caminho da sustentabilidade, cidades mais densas propiciam uma menor taxa de emissão de gases poluentes, uma vez que a aproximação permite uma diminuição dos quilômetros rodados, além de incentivar o uso de bicicletas e a locomoção a pé.

Beatriz Lopomo
Beatriz é estudante de jornalismo da Universidade de São Paulo e possui grande interesse por temas relacionados à cultura e urbanismo. Publicou textos para a empresa júnior de jornalismo da USP.